ATA DA
CENTÉSIMA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 23-11-2016.
Aos vinte e três dias do
mês de novembro do ano de dois mil e dezesseis, reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, na qual registraram
presença Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta,
Delegado Cleiton, Dr. Goulart, Fernanda Melchionna, João Carlos Nedel, Jussara
Cony, Mauro Pinheiro, Paulo Brum, Sofia Cavedon. Constatada a existência de
quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão,
registraram presença Dr. Thiago, Idenir Cecchim, José Freitas, João Bosco Vaz,
Lourdes Sprenger, Luciano Marcantônio, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro,
Paulinho Motorista, Rafael Cavalheiro, Rodrigo Maroni, Tarciso Flecha Negra,
Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei
do Legislativo nº 229/16 (Processo nº 2319/16), de autoria de Delegado Cleiton;
o Projeto de Resolução nº 056/16 (Processo nº 2525/16), de autoria de Paulo
Brum; o Projeto de Resolução nº 055/16 (Processo nº 2370/16), de autoria de
Reginaldo Pujol; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 236/16 (Processo nº
2416/16), de autoria de Sofia Cavedon. Após, foi apregoado o Ofício nº 933/16,
do Prefeito, comunicando que se ausentará do Município das dezoito horas e
trinta minutos do dia vinte e três às nove horas e dez minutos do dia vinte e
cinco do corrente, para participar do 1º Fórum Sul Brasileiro de Mobilidade e
Sustentabilidade – MOBISUL –, em Florianópolis – SC. Ainda, foi aprovado
Requerimento de autoria de Mauro Zacher, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares no dia vinte e três de novembro do corrente. Em TEMPO DE PRESIDENTE, pronunciou-se
Cassio Trogildo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Clàudio Janta e
Rodrigo Maroni. A seguir, o
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, a Caroline Kolinski de Lima,
Diretora-Secretária da Associação de Hortas Coletivas do Centro Histórico, que
discorreu sobre a importância das hortas comunitárias no espaço urbano. Em
continuidade, nos termos do artigo 206 do Regimento, Jussara Cony, Valter
Nagelstein, Tarciso Flecha Negra, Adeli Sell, João Carlos Nedel, Sofia Cavedon,
Fernanda Melchionna e Mauro Pinheiro manifestaram-se acerca do assunto tratado
durante a Tribuna Popular. A seguir, o Presidente concedeu a palavra, para
considerações finais sobre o tema em debate, a Caroline Kolinski de Lima. Os
trabalhos foram suspensos das quinze horas e treze minutos às quinze horas e
quatorze minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se Sofia Cavedon. Em
prosseguimento, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a
assinalar o transcurso do octogésimo aniversário da Sociedade Libanesa e do
aniversário de independência do Líbano. Compuseram a Mesa: Cassio Trogildo,
presidindo os trabalhos; Ricardo Malcon, Cônsul Honorário do Líbano em Porto
Alegre; e Zilmar Moussalle, Presidente da Sociedade Libanesa. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se Dr. Thiago e João Carlos Nedel. A seguir, o Presidente convidou
Dr. Thiago e João Carlos Nedel a procederem à entrega, a Ricardo Malcon e a
Zilmar Moussalle, de Diploma alusivo à presente solenidade. Após, o Presidente
concedeu a palavra a Zilmar Moussalle e a Ricardo Malcon, que agradeceram a
homenagem. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se Idenir Cecchim, Valter Nagelstein,
Lourdes Sprenger, Adeli Sell e Jussara Cony. Os trabalhos foram suspensos das
dezesseis horas e treze minutos às dezesseis horas e quatorze minutos. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Adeli Sell, Jussara Cony e Delegado
Cleiton. Em
COMUNICAÇÕES, pronunciou-se Jussara Cony. Durante
a sessão, Sofia Cavedon e Fernanda Melchionna manifestaram-se acerca de
assuntos diversos. Também, foram registradas as presenças, neste Plenário, de
Gustavo Paim, Décio Lopes Motta, Nelson Kalil Moussalle, João Dib e de oito
alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire, acompanhados
dos professores Jucélia Fernandes e Ednilson Roesler, em visita orientada
integrante do Projeto de Educação Política desenvolvido pela Seção de Memorial
deste Legislativo. Às
dezesseis horas e trinta e oito minutos, constatada a inexistência de quórum, o
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para a
próxima sessão ordinária. Os
trabalhos foram presididos por Cassio Trogildo, Paulo Brum e Delegado Cleiton e
secretariados por Paulo Brum. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Registramos a presença do Sr. Gustavo Paim,
futuro Vice-Prefeito.
O Ver. Mauro Zacher solicita Licença para Tratar
de Interesses Particulares no dia 23 de novembro de 2016. Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o Pedido de Licença permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADA.
(O Ver. Paulo Brum assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassio Trogildo está com a palavra em
Tempo de Presidente.
O SR. CASSIO
TROGILDO: Boa
tarde, Ver. Paulo Brum, presidindo os trabalhos, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores; saúdo, mais uma vez, o Vice-Prefeito eleito, Gustavo Paim. Utilizo este
Tempo de Presidente para tratar do assunto que foi amplamente divulgado na
imprensa na data de ontem, que foi a antecipação de devolução de recursos deste
Legislativo ao Poder Executivo na ordem de R$ 15 milhões. Acho que é público
que o Executivo Municipal já vinha tentando, Ver. Paulinho Motorista, nos
solicitando, na verdade, uma avaliação de quais recursos, Ver. Clàudio Janta,
este Legislativo não utilizaria neste ano e que pudesse se fazer, Ver. José
Freitas, que foi Secretário do Município, uma devolução antecipada. Até para
que auxiliasse no pagamento da folha de novembro, que corria grande risco de
ter atraso. Então, nós vínhamos numa negociação técnica já há algum tempo, com
a Prefeitura Municipal através dos técnicos da Fazenda com a nossa Direção de
Patrimônio e Finanças aqui da Casa, e também a Diretoria Geral, e a nossa
Procuradoria conjuntamente com a Procuradoria do Município. E nós chegamos a um
valor de R$ 15 milhões. Nesse valor, Ver. Valter Nagelstein, há muito de
economia deste Legislativo. De processos que foram melhorados na Casa, e que,
logicamente, não foi, Ver. Mauro Pinheiro, somente neste ano, é um conjunto de
melhorias que vêm sendo implementadas na Casa. Que, por exemplo, economizar R$
1,3 milhão em material de consumo. Isso é toda a parte de procedimento de
tramitação de documentos de forma digital, que economiza impressão, economiza
folha, economiza caneta, dentre outras várias lotações orçamentárias, como, por
exemplo, os R$ 500 mil, Ver. Cavalheiro, que estavam previstos neste ano para
serem gastos nos projetos complementares do anexo. E que não havia motivo
nenhum para que os fizéssemos, porque não temos uma previsão de executar o
prédio anexo. Também tivemos uma grande obra prevista para este ano, dentre
outras tantas que estavam previstas, como a reforma do plenário, foi executada;
a reforma do Plenarinho que está em curso. Nós temos uma obra maior que todas
essas que é a troca o sistema de condicionamento de ar da Casa, para a qual
tínhamos uma previsão orçamentária de R$ 9 milhões. Só que a licitação
estendeu-se e só agora que foi finalizada. Então, nós não utilizaríamos esse
recurso. Então, R$ 7,7 milhões desses R$ 9 milhões que estavam previstos para o
ar condicionado, também já foram devolvidos, porque essa obra só acontecerá no
ano que vem, e já temos a dotação orçamentária prevista no Orçamento que está
tramitando para o ano que vem. Então, eu queria aqui, além de publicizar esta
questão, dizer que também conseguimos com esta devolução antecipada termos um
termo de ajuste e o reconhecimento da Prefeitura de que o Legislativo Municipal
não tem nenhuma dívida pretérita com o Executivo Municipal. Essa era uma
discussão que todos os anos os presidentes enfrentavam com o prefeito. No nosso
termo de ajuste, ficou reconhecido que não existe dívida. Até como já
publicizei, em uma reunião de líderes, ao logo dos últimos dez anos, nós ou
devolvemos ou se deixou de utilizar orçamento que seria possível ser utilizado
na ordem de R$ 236 milhões.
Além dessa questão, quero parabenizar e
agradecer toda a Casa, os gabinetes que fizeram a sua parte na economia de
recursos, inclusive na própria utilização da quota de gabinete, que, na média
da Casa, é utilizada 60% do valor de despesas que os gabinetes teriam direito a
executar. Então é um esforço coletivo da Casa, dos gabinetes, dos setores
administrativos para economia dos recursos públicos que estão cada vez mais
escassos e que têm de ser melhor utilizados.
Então quero agradecer e parabenizar esta Casa
pelo exercício orçamentário e financeiro deste ano que nos propiciou essa
devolução antecipada de R$ 15 milhões e que vai auxiliar em muito o Executivo
Municipal, em especial para saldar a folha de novembro no prazo para todos os
seus servidores. Muito obrigado. Um grande abraço.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Cassio Trogildo reassume a presidência
dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO
JANTA:
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, ultimamente na imprensa têm
saído algumas medidas do Governo Municipal. Agora mesmo, o Presidente acabou de
dizer que esta Casa repassou R$ 15 milhões para ajudar a Prefeitura. A
Prefeitura colocou no caixa único todo o dinheiro dos fundos que o Município
tem; desde o Fundo da Cultura, o Fundo dos Aposentados e Idosos, todos os
fundos foram para o caixa único. A Prefeitura, em nenhum momento, diminuiu o
número de secretarias, em nenhum momento diminuiu o número de CCs. E agora a
Prefeitura propõe antecipar dois, três meses de IPTU. Isso é um golpe, uma
sacanagem com o Governo que vai assumir dia 1º de janeiro! Antecipar o IPTU com
maior desconto. Isso é entregar a Prefeitura para o novo Governo – e o atual
Governo já está com dificuldades – com o cofre completamente raspado; é
entregar para o novo Governo que já apresentou para esta Casa um orçamento
fictício, um orçamento baseado em algo que não existe, um orçamento baseado em
algo que não foi cumprido, que não foi executado e ainda antecipa uma receita.
Os trabalhadores sabem muito bem como é que funciona isso.
A gente é induzido pelos bancos a antecipar o
décimo terceiro. Aí chega agora, no dia 20 de dezembro, a gente não tem aquele
décimo terceiro para comprar alguma coisa para a nossa família. O que o atual
Governo está fazendo é propor que a população pague antecipado o seu IPTU, com
desconto, pague seus impostos antecipadamente com desconto, em vez de exonerar
os CCs - pois daria para honrar os seus compromissos, criados pela própria
Prefeitura. Não entregar uma Prefeitura completamente falida para o novo
Governo começar a administrar. Isso é uma completa irresponsabilidade. Nós
protocolamos, na segunda-feira, um projeto que proíbe isso. Estamos usando
todos os meios possíveis nesta Casa, de urgência, para que esse projeto venha
para plenário e proíba todos os governos, no seu último ano de mandato, de
fazer antecipação de receita. Isso é uma sacanagem com o novo governo, é uma
completa irresponsabilidade. Porque inicia o ano, inicia um novo governo sem
caixa, inicia um novo governo sem recursos. Agora mesmo foi anunciado que o
Vice-Prefeito está indo para Brasília para assinar mais um empréstimo.
Como é que um trabalhador vai tirar um empréstimo se ele
está devendo? “Ah, não, o Governo tem gordura!” Gordura quem tem sou eu! “O
Governo tem gordura! Gordura para tirar empréstimo, gordura de endividamento.”
Toda pessoa tem gordura para tirar empréstimo, agora ela tem que saber o que
deve. Um governo que sacou todos os fundos da Prefeitura, colocou todos os
fundos num caixa único, um Secretário da Fazenda que esteve aqui nesta Casa e
disse que em cinco anos o Previmpa vai estar falido, Ver. Adeli Sell e Ver.ª
Fernanda Melchionna, não vai poder honrar seus compromissos, vai estar como os
outros fundos. Um governo que tem contratos atrasados com fornecedores desde
março vai entregar essa Prefeitura e quer antecipar o IPTU, quer sacar antes um
dinheiro que não é dele, um dinheiro que é do futuro governo. Isso é uma
sacanagem com a população de Porto Alegre, isso é uma sacanagem com o futuro
governo, isso é uma sacanagem com os servidores da Prefeitura, isso é uma
sacanagem com o povo de Porto Alegre e nós não vamos admitir isso. Governem com
o seu dinheiro! Demitam seus CCs e assumam a responsabilidade por quatro anos
de gestão. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Rodrigo Maroni está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. RODRIGO
MARONI:
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, público que vem trazer o
debate sobre a questão da horta urbana, meus colegas da Câmara, eu quero dizer
para vocês que, mais emocionado, mais emocionante, talvez, Adeli, depois até eu
quero pedir para a Simoninha, queria já fazer essa parte aqui antes de
comentar, ontem ela foi me pedir que registrasse um projeto teu, se tu puder
pedir para ela vir aqui, eu vou registrar conta para poder trazer para cá. É só
porque como tu tinha me questionado sobre a inconstitucionalidade dos meus
projetos, e o teu também é inconstitucional, eu disse: não, vou fazer um
processo educativo com o Adeli, que é meu amigo há muitos anos, porque ficou
três meses ali falando sobre isso de forma muito solidária. Eu faço, Sofia,
porque sou a favor a discussão e do debate sempre. Mais do que, efetivamente,
eu acho que os debates a serem feitos, o que tu gere na sociedade é o mais
importante. E por isso vou assinar contrário ao parecer da Procuradoria, em
favor ao teu projeto, Adeli, tu pede para a Simoninha. Mas eu não podia deixar
de fazer essa brincadeira muito parceira entre nós, para comentar sobre isso.
Mas eu queria dizer que o dia de ontem foi muito
emocionante para mim, meu amigo, porque, depois de onze meses, eu quero relatar
aqui o que aconteceu. Eu fiquei mais emocionado, que eu lembro, quando eu tinha
13 anos de idade, no final da Copa de 94, quando o Bádio errou o pênalti. E
fiquei mais emocionado, Tarciso, tu que é do futebol, com a minha própria
vitória eleitoral agora no dia 02 de outubro. Por que esse motivo? Eu vibrava
que eu tremia ontem no carro. Depois de ter ido, iniciado uma verdadeira
peregrinação, onde tinha quase 40 mil seguidores, atrás de uma cadela que foi
roubada há dois anos, a petúnia, basta vocês colocarem no Facebook. A dona da
petúnia é uma senhora de 70 anos que mora em Cidreira, e foi roubada a cadela
dela, a petúnia, uma Lhasa. Essa cadela foi para Esteio, e deputado, a polícia,
o Ministério Público, vereadora aqui da Casa, ativistas dos mais diversos,
ficaram um e um mês atrás dessa cadela. Até que eu entrei no caso em dezembro
do ano passado, André Barbosa, meu querido amigo. E essa senhora me disse
assim: Maroni, eu já estou com processo na Justiça, já tentamos de tudo. E eu,
pegando essa informação, comecei a ir. E para vocês terem uma ideia, eu
descobri quem roubou a cadela, tive que entrar com processo judicial para
conseguir os telefones de quem essa pessoa tinha vendido. E essa cadela passou
por sete pessoas, quatro Municípios e, no dia de ontem, depois de dois anos,
consegui buscar a cadela dessa senhora. Tu tens ideia da emoção que foi - e
essa última compradora, receptadora do crime não queria me entregar a cadela -,
dois anos depois, a emoção de ter pegado a cadela e entregar para uma senhora
de 70 anos que criou ela até os 9 anos, que dormia com ela, uma cadela que
ninguém encontrou? Infelizmente, não temos uma delegacia de animais para fazer
esse papel que eu tinha feito, durante os 11 meses, em meio à campanha, em meio
a problemas pessoais que tive, em meio a enfrentamento com traficante que deu
tiro em animal, em meio a esses que estão me criminalizando - agora estou com
um processo de queixa-crime contra mim, da família que matou o cachorro na
Santana, o Teo, aqueles asquerosos, vou usar o esse termo, que mataram o cão
com um chute, na Santana, e que estão me processando com queixa-crime; os
mesmos que mataram o Teo hoje entram com queixa-crime contra mim, em meio a
tudo isso, não parei um minuto de investigar onde estava essa cadela, em meio à
mentira, dissimulação das pessoas que compraram essa cadela, essa cadela foi
parar numa agropecuária, fui descobrir em Esteio, foi para Cachoeirinha. Ontem,
finalmente, consegui chegar nela, e isso justifica mais do que a minha eleição,
justifica mais do que eu disse da Copa do Mundo, para mim não vale nada os doze
mil votos que fiz, Adeli, como no dia de ontem ter encontrado, porque coloquei
uma vida de volta como se fosse uma filha dessa senhora, a Petúnia está de
volta em casa. Cara, quando cheguei ontem em Cidreira, quase 23 horas, para
entregar, essa mulher não cabia de felicidade, ela tremia e chorava pegando
essa cadelinha. Quero agradecer a Deus, agradecer de verdade ao meu chefe de
gabinete que me ajudou em todos os momentos, e principalmente, eu digo que
qualquer um pode ter, a prova de que ir atrás, a disposição de ir atrás e de
resolver e o que falta nos órgãos públicos, pegar para si, porque, quando
encontrei essa senhora a primeira vez, em dezembro, quando ele disse para mim
não tem deputado, não tem Polícia, não tem Ministério Público que resolveu.
Sabe o que falei para ela – e ontem ela me repetiu, vou pegar como se a Petúnia
fosse a minha cadela -, a senhora faz parte da minha família, porque sei o que
é roubar um filho, e o sentimento do animal roubado é o mesmo que um filho. Eu
quero dizer o seguinte: para mim, o dia de ontem foi glória, para mim, o dia de
ontem, Lopes, tu estavas comigo e acompanhou lá no litoral, a gente entregando
essa cadela. Eu liguei de Porto Alegre dizendo: olha, a gente ainda não
encontrou. Eu estou indo te visitar para entregar o depoimento do boletim de
ocorrência. Quando eu cheguei de surpresa, essa mulher quase enfartou – esse
era o meu medo. Muito obrigado às energias celestiais, aos anjos, por terem
feito com que eu conseguisse resolver essa situação. A minha felicidade é maior
ainda por ter feito uma família voltar a ficar junto de novo.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr.
Presidente, eu gostaria de falar em liderança do PT, mas quero priorizar o
projeto hortas que está em Tribuna Popular, então, quero deixar minha inscrição
para a sequência e fazer um apelo ao líderes para respeitarem o projeto.
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Passamos
à
A Tribuna Popular de hoje terá a presença da
Associação de Hortas Coletivas do Centro Histórico, que tratará de assunto
relativo à importância das hortas comunitárias no espaço urbano. A Sra.
Caroline Kolinski de Lima, Diretora-Secretária, está com a palavra, pelo tempo
regimental de 10 minutos.
A SRA.
CAROLINE KOLINSKI DE LIMA: Boa tarde, prezados
Vereadores e demais presentes nesta Casa. Sou natural de Porto Alegre,
engenheira agrônoma por formação e moradora do bairro Centro Histórico de Porto
Alegre, desde que nasci. Hoje, estou aqui como cidadã, representando a Associação
das Hortas Coletivas do Centro Histórico. Somos um grupo de vizinhos que nos
conhecemos através de um grupo virtual da chamada rede social
Facebook. Esse grupo de vizinhos conta hoje com
mais de 12 mil participantes. A partir da proposta-convite de uma das
integrantes do grupo, marcamos um primeiro encontro aqui na Praça do Aeromóvel,
para nossa surpresa, surgiram muitos vizinhos interessados e dispostos a
trabalhar o tema. A partir desse primeiro encontro, surgiram as afinidades e
nele contamos com relatos de experiências de um hortelão urbano que nos trouxe
a sua realidade de Florianópolis, em Santa Catarina, onde as hortas
comunitárias já existem, estão consolidadas e funcionam muito bem. A partir
daí, tivemos encontros, reuniões, sempre abertas, em locais públicos, onde, em
cada encontro, houve um aumento da participação de mais pessoas. Então, surgiu
a questão: onde e como fazer uma horta urbana no Centro Histórico. Partimos
para esse mapeamento para ver possíveis locais para ser instalada a horta, e
vimos que era necessária a formalização desse grupo. Então, formamos e
formalizamos a Associação das Hortas Coletivas do Centro Histórico. Foram
diversos encontros, reuniões com profissionais de diversas áreas, com troca de
ideias, experiências e com conhecimento de cada um. Assim, a partir desse
estudo e desse planejamento, nasceu o nosso projeto e o nosso estatuto.
O objetivo principal do projeto é criar e manter
hortas urbanas no Centro Histórico de Porto Alegre, hortas com princípio de
manejo agroecológico, através da implantação desses espaços urbanos
compartilhados de atividades relacionadas à saúde e à natureza, visando a
fortalecer o espírito de comunidade e promover transformações positivas para
todos os moradores do bairro direta ou indiretamente.
As principais vantagens de se ter uma horta
comunitária no Centro é o que realmente a gente pode fazer nesses espaços além
da produção de alimentos saudáveis, produtos olerículos, frutíferos, plantas
aromáticas, chás, condimentos, temperos, tudo com o manejo orgânico, sem uso de
agroquímicos. É possível fazer, nesses espaços, o resgate do uso de plantas
medicinais em parceria com os postos de saúde, principalmente o Santa Marta,
que se localiza aqui no Centro e já realiza atividades de promoção da saúde.
Eu gosto de ressaltar que saúde não se resume só a não estar
doente. A própria Organização Mundial da Saúde diz que saúde também é o
bem-estar social dos indivíduos. Tenho a proposta de compartilhar alimentos, de
divulgar o trabalho, de integrar e fortalecer a comunidade do bairro Centro
Histórico por meio de ações colaborativas e troca de experiências, estimular a
alimentação saudável, o cuidado com o meio ambiente, incentivar moradores para
que plantem, também, nas suas próprias residências, ser um ponto de estudo, de
referência em hortas urbanas em locais públicos, promover e viabilizar ação de
educação ambiental, buscar a troca de saberes, de conhecimento, de convívio,
revitalizar espaços e, também, revitalizar pessoas. É um espaço que a gente pode
trazer...
A SRA. FERNANDA
MELCHIONNA: Eu
peço licença, eu queria pedir silêncio, para que a gente pudesse ouvir a
Tribuna Popular. Está difícil ouvir a Caroline. Obrigada. (Palmas.)
A SRA. CAROLINE
KOLINSKI DE LIMA: Obrigada. Que seja um espaço, junto com os postos de saúde,
para a gente fazer essa troca das plantas medicinais. Inclusive, já é liberado
pelo SUS o uso de mais de 40 espécies de plantas para o controle da saúde.
Então, a alimentação é mais que ingestão de alimentos; nela se incluiu as dimensões
culturais e sociais das práticas alimentares. Portanto, propõe-se repensar as
relações estabelecidas com o consumo, priorizando alimentos que sejam social e
ambientalmente sustentáveis. E quem se beneficia com isso? As pessoas
diretamente envolvidas com as hortas, porque a gente acredita haver, pelo
menos, 500 pessoas diretamente envolvidas no seu cuidado; alunos de escolas;
universidades, e o Centro de Porto Alegre conta com a Universidade Federal,
aqui no Campus do Centro. Pessoas saudáveis representam menos custos para os
cofres públicos com gastos em remédios, leitos. A gente sabe que hoje os
terrenos baldios são focos de lixo, ratos, baratas, além de vetores como o
mosquito da dengue. Temos visto em diversos lugares a contaminação pelo
mosquito da dengue, além de ser um refúgio, um esconderijo para pessoas que
vivem nas ruas, usuários de drogas, ladrões. Um espaço ocupado e transformado
só tende a trazer benefícios para a comunidade, é a oportunidade de reverter
uma situação negativa em algo produtivo para a comunidade. Nas caminhadas pelas
ruas do bairro, mapeamos um terreno, que tomamos conhecimento pertencer à
Prefeitura e estar ocioso há mais de dez anos. Esse terreno está localizado na
Rua José do Patrocínio nº 66. Foi feito um breve levantamento na área, por
técnicos, e vimos que existem lá diversas espécies, inclusive árvores nativas,
árvores com potencial frutífero e madeireiro, dentre elas pitangueira,
goiabeira, ameixeira, aroeira vermelha, pessegueiro, nêsperas, jacarandá,
embaúba, chau chau, o famoso cinamomo – símbolo do Rio Grande do Sul. Mas vou
destacar uma figueira branca, que é a fícus
cestrifólia, uma árvore nativa do Rio Grande do Sul que, por lei municipal
e estadual, está imune ao corte. E não é à toa que ela está imune ao corte: ela
está em situação de extinção. A figueira tem um papel importante no
ecossistema, porque além de abrigar outras espécies - como bromélias; a barba
de pau, que é um bio-indicador da qualidade do ar -, também serve de refúgio
para a nossa fauna, como pássaros nativos e outros insetos. No terreno também
detectamos a presença de chás e plantas alimentícias não convencionais, como a
tansagem, a serralha, o boldo, e algumas suculentas, além dos insetos que fazem
parte do ecossistema, como formigas, abelhas, etc. Também foi encontrada ali
uma mamangava, que é um tipo de abelha que está em extinção, então ela nem pode
mais ser capturada, é um importante polinizador, principalmente das frutíferas,
como maracujá. Nós não estamos sozinhos nessa caminhada, contamos com a
parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com dois grupos de
extensão rural, grupos UVAIA e Teko Porã, contamos com o apoio do grupo Minha
Porto Alegre e com a Escola Municipal Porto Alegre, a EPA, na qual nós já
estamos fazendo algumas oficinas, realizando ações e colocando em prática tudo
isso que está no nosso projeto.
Atualmente, a nossa página na rede social
Facebook conta com mais de mil participantes, e sobre a campanha que fizemos
para pressionar a Prefeitura para liberação do uso de terreno na forma de
comodato, temos mais de mil e-mails
enviados pressionando o atual Prefeito.
Formalizamos um pedido de uso do terreno e por
enquanto tivemos uma negativa sem muitas explicações, por isso hoje estamos
aqui pedindo o apoio de vocês, nossos Vereadores, para o nosso projeto – está
disponibilizada uma cópia na bancada de vocês, e estamos à disposição para
dúvidas –, para que nos ajudem no processo de liberação desse terreno,
especialmente esse; se não for esse, nós gostaríamos de qualquer um dentro do
bairro para que a gente possa usar nessa modalidade. Já temos projetos de lei,
aqui em Porto Alegre, que asseguram o uso das hortas urbanas. Esse é um projeto
sem custos para a Prefeitura, e já temos diversos exemplos em Porto Alegre,
como a horta da Lomba do Pinheiro, que funciona há mais de 15 anos; no bairro
Floresta, uma parceria com o DMLU; e outras por aí, que às vezes a gente nem
tem mapeadas. Esse é um movimento que já existe muito grande em outros lugares
no Brasil, e na Europa é muito comum, assim como nos Estados Unidos.
Desde já nos colocamos à disposição. Um salve
para a galera da Associação das Hortas Urbanas, que está aqui presente hoje.
Muito obrigada. Pedimos o apoio dos nosso Vereadores.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Cassio Trogildo): Convidamos a Sra. Caroline Kolinski de Lima a
fazer parte da Mesa.
A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. JUSSARA
CONY: Em
primeiro lugar, quero cumprimentar a Caroline, que representa todo um trabalho
coletivo. Acho que a primeira questão que, em nome da Bancada do PCdoB eu quero
colocar, é o sentido coletivo de um projeto como esse. Eu sou farmacêutica,
formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com pós-graduação exatamente
em Análise, Síntese, Produção e Controle nessa área de plantas medicinais. Aqui
eu destaco já o significado da nossa biodiversidade, a maior do mundo, o
significado dos conhecimentos, o conhecimento popular e o tradicional, bem como
o significado da academia para dar aval e não roubar este conhecimento.
Como Deputada e Vereadora consegui criar o Fórum
pela Vida - Projeto Plantas Vivas, que reuniu todo o Rio Grande do Sul;
conseguimos trabalhar, na primeira etapa do Governo Lula, a Política Nacional de
Plantas Medicinais, com farmacêutica. Temos um projeto aprovado no Estado, e
aqui nesta Câmara Municipal, aprovamos a Política
Intersetorial de Plantas Medicinais, Aromáticas e
Condimentares e de Fitoterápicos. Então, o que estou dizendo aqui é sobre o significado,
avalizado inclusive por todo um processo de resgate do uso e do conhecimento
das nossas plantas medicinais – algumas coisas que me chamaram atenção.
Primeiro é o resgate do conhecimento tradicional, pelo qual vamos ter absoluta
convicção de que não precisa agrotóxico, porque não se usava – então tem um
papel significativo. Segundo é a formação e a capacitação de profissionais em
equipe multidisciplinar já na área de atenção primária à saúde como porta de
entrada no Sistema Único de Saúde - isso está determinado por leis em nível
nacional, estadual e municipal. A ocupação dos espaços públicos para mais
qualidade de vida, mas também o combate à violência urbana e a integração e a
humanização das comunidades. Nós estamos vivendo um momento difícil. E, sem
dúvida, as plantas medicinais, tudo que vem da natureza, humaniza muito mais.
Então creio que este projeto, esta ocupação é importante. Já está marcado na
minha agenda, segunda-feira, às 11h, para recebê-los, e quero destacar o papel
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que tu falaste, como oriunda
desta universidade.
Finalizo dizendo as faculdades de farmácia e a
agronomia fez uma pesquisa há anos, pela qual avalizamos o uso da marcela pelos
nossos ancestrais - tenho ancestralidade indígena, guarani - como auxiliar nas
questões estomacais e também como um poderoso anti-inflamatório. Acho que Porto
Alegre ganha, a sociedade ganha, a biodiversidade, a soberania nacional e a
democracia ganham com um projeto como este.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN:
Sr. Presidente, Caroline, falo em nome da bancada do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro, em nome do nosso Líder, Ver. Idenir Cecchim, da Ver.ª
Lourdes Sprenger e do Ver. Mendes Ribeiro. Nós somos amplamente favoráveis. Eu,
particularmente, tenho isso como uma das minhas bandeiras. Eu fui Secretário
Municipal de Urbanismo de Porto Alegre e, assim como o Ver. Cecchim, Secretário
Municipal da Produção, Indústria e Comércio. No nosso período, temos ações
práticas na realidade da Cidade. Nós fizemos o Sim Vegetal; o Sim Animal; a
certificação dos alimentos orgânicos aqui, em Porto Alegre; ajudamos a Feira da
José Bonifácio e as outras, especialmente aos consumidores para que eles
soubessem que os alimentos que estavam consumindo eram, de fato, orgânicos,
embora nós acreditemos na liberdade do cidadão poder escolher se quer ir numa
feira tradicional, ou se quer na feira orgânica. Trazemos uma sugestão: o
antigo terreno da Agapan, que está ali na esquina, perto do Tribunal de
Justiça, perto da Praça Isabel, a Católica,
ao lado do Pão dos Pobres, está livre, sugerimos que vocês já se apropriem,
porque o comodato daquele terreno já está valendo. Tenho sustentado, junto à
SMAM, que muitas vezes é muito reticente com relação a isso, que espaços
ociosos em parques e praças, uma pequena fração possa ser destinada à
utilização para hortas orgânicas, que enseja que a comunidade possa se
apropriar desse espaço exatamente para isso. A comunidade, ocupando esse
espaço, também ajuda a cuidar e preservar as praças e parques.
Eu, quando fui Secretário da
SMIC, implantei, inclusive, o que está ali: o Relógio do Corpo Humano, que é
aquele relógio que indica qual o horário, Ver.ª Cony, do dia que é mais
propício para nós consumirmos esses elementos fitoterápicos que ajudam na
saúde. Na condição de Secretário do Urbanismo ajudei, inclusive, como
Presidente do Conselho do Plano Diretor, na manutenção da horta da Lomba do
Pinheiro. Então, nós, da bancada do PMDB, queremos dizer que isso não é a
bandeira de um, não é a bandeira de outro. É uma bandeira que deve ser de todos
aqueles que querem uma Cidade para pessoas. E, nesse aspecto, contém conosco e
cumprimento vocês pela iniciativa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Tarciso Flecha
Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa tarde, Sr.
Presidente, Ver. Cassio Trogildo; Caroline Lima, quero parabenizar a todos que
estão aqui. Eu moro no Centro Histórico já há 17 anos, e ali na Rua da Praia,
esquina com a Rua Bento Martins, perto do Exército, o pessoal começou a fazer
os canteiros de flores que cada vez mais engrandece a nossa Cidade e o Centro
Histórico. Esse projeto é maravilhoso, podem contar com o apoio deste Vereador,
do PSD. Nós vamos estar apoiando e também todos os moradores do Centro
Histórico irão apoiar, porque essa horta comunitária faz parte. Eu morei numa
cidade muito pequena, antes de vir para Porto Alegre, em que havia
hortas na vizinhança, todo mundo se comunicava através das hortas nas ruas, das
frutas, isso faz uma cidade grande ser bonita e ter ar puro. Isso faz com que
essas crianças também possam conhecer o trabalho, e futuramente, poderão
compartilhar desses alimentos, dessas ervas e passar a conhecer isso cada vez
mais. Então, a gente vai poder ter uma Cidade mais humana, uma cidade mais
segura, uma cidade melhor para se viver. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. ADELI
SELL: Minha
saudação, Caroline, em nome das bancadas de oposição desta Casa – PCdoB, PSOL e
PT –, quero louvar a atitude da Associação das Hortas Coletivas do Centro
Histórico, na busca de espaços para que nós possamos desenvolver amplamente a
agricultura urbana em Porto Alegre, e essencialmente a produção de produtos
orgânicos.
E também na linha da Ver.ª Jussara Cony, que nos
coloca a importância dos fitoterápicos e de outras produções que podem ser
desenvolvidas em pequenos espaços urbanos.
Casualmente, nesta semana, no Fronteiras do
Pensamento, o grande urbanista Jan Gehl, da Dinamarca, esteve aqui e disse que
temos que olhar a Cidade de baixo. Ou seja, o dia a dia, ou seu urbanismo, a
sua configuração, o seu design urbano
para que, em cada canto, possamos ter uma flor, uma planta, mas também a
produção de alimentos. Há cidades em que, inclusive, sua produção é tal, que
muitas pessoas, em um bairro, em uma pequena comunidade, acabam consumindo,
única e exclusivamente, aqueles produtos orgânicos ali produzidos, já há
legislação.
O Presidente da Casa também tem um projeto que
vem na linha do que temos na Cidade, ou seja, é uma coisa para ser trabalhada
por 36 Vereadores, pelo conjunto da população de Porto Alegre, porque nós
temos, em algumas cidades, como o caso de Rosário, na Argentina; Quito, no
Equador; na Cidade do México; em Nairóbi, exemplos excelentes para serem aqui
reproduzidos. E, como eu digo e repito, o que é bom a gente pode copiar, e eu
tenho certeza que dá certo; e, como foi dito nos cartazes, faz bem para saúde.
Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Eu quero, em nome da minha Bancada, do Partido Progressista
- Ver. Guilherme Socias Villela, Ver. Kevin Krieger e este Vereador - dar as
boas vindas à Caroline Kolinski de Lima, Diretora-Secretaria da Associação das
Hortas Coletivas do Centro Histórico. Quero cumprimentá-la por estar aqui
trazendo esta importante notícia para a nossa Cidade.
A minha esposa vai muito a Brasília cuidar dos netos, e lá
em Brasília proliferaram hortas comunitárias em vários espaços públicos, e as
pessoas levam para casa os produtos dessas hortas livremente e não abusam, não
vandalizam. É um exemplo muito bom. Acho que Porto Alegre está precisando de
alguma coisa que sirva de exemplo, porque, hoje, tristemente, nós temos muito
vandalismo: plantam-se flores, as pessoas arrancam; plantam-se árvores, as
pessoas levam as mudas. Então, acho que está na hora. Com a horta comunitária,
aquilo que vai servir de alimentação vai dar um bom exemplo. Parabéns, conte
com o apoio da Bancada do Partido Progressista. Sucesso.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. SOFIA
CAVEDON:
Sr. Presidente, Sra. Caroline, grupo de militantes pela horta comunitária,
mulheres, homens, que linda a presença de vocês aqui, que linda causa! Primeiro
quero dizer que a cidade de Porto Alegre tem o privilégio de ter um movimento
tão bonito como este. Há vários outros, e este é inusitado, no Centro da
Cidade, moradores e moradoras se organizando para usar espaços de produção
coletiva de horta. Muitos já disseram o valor disso, e acho que é bom que
registrem o apoio pluripartidário, inclusive da base do Governo.
Mas quero falar mais desse terreno que vocês
identificaram. Esse terreno é muito legal, ele não tem uma fachada grande para
a rua, é ruim para o Governo, ele é um terreno que tem uma grande figueira. Era
de propriedade da SMED, era para ser a futura Escola de Educação de Jovens e
Adultos, que já tem sede própria fora de lá. Na polêmica da EPA, eu fiquei
muito feliz da Escola Porto Alegre ser parceira das hortas comunitárias, porque
nós lutamos muito para a EPA não fechar. E o Governo não desistiu ainda da ação
judicial para fechar, a EPA está aberta por liminar. E quando a Secretária
justificava que precisava de escola infantil, Ver. Tarciso – por isso queria
fechar a EPA –, nós indicamos esse terreno para construir uma creche
comunitária, e o Governo negou, disse que não, que tinha outros propósitos. Não
se sabe, está guardada hermeticamente a intenção da Prefeitura sobre aquele
terreno.
Então, eu quero fazer uma sugestão para vocês:
no Orçamento Participativo, no dia de ontem, tinha um grupo de mulheres, mães,
da Região Centro, querendo fazer aliança com as hortas comunitárias. Porque
imaginem uma escola infantil ecológica com horta comunitária naquele terreno,
eu sou defensora, acho que é um belo encaminhamento para aquele terreno
maravilhoso, tem uma demanda importante para as crianças, para a Educação
Infantil, com horta, com experimentação, com a parceria da Associação das
Hortas. Quero dizer que a nossa Bancada, inclusive, se coloca à disposição para
fazer essa interlocução e fortalecer esse movimento, o qual traz qualidade de
vida, agregação social, problematização, construção em um conhecimento novo, um
conhecimento que querem apagar, infelizmente, por aí, os que querem vender
agrotóxicos em larga escala e alimentos ruins para a saúde. Então, parabéns
pelo movimento, contem com a nossa Bancada para essa bela luta!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Quero registrar a presença da visita orientada,
no nosso plenário, dos oito alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Saint Hilaire que nos visitam, acompanhados das professoras responsáveis
Jucélia Fernandes e Ednilson Roesler. Isso faz parte de educação política que
esta Casa tem e que é executada através do Memorial desta Casa. Sejam muito
bem-vindos e aproveitem esta estada conosco.
A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra,
nos termos do art. 203 do Regimento.
A SRA. FERNANDA
MELCHIONNA: Sr.
Presidente, ao cumprimentar a Caroline, cumprimento todos e todas que nos
acompanham na tarde de hoje, em meu nome e no do Ver. Prof. Alex, que não teve
condições de estar aqui hoje conosco, mas pediu que eu falasse em nosso nome,
porque eu já tinha recebido a luta de vocês, já tinha conhecimento desse
importante pleito de garantir que possamos avançar nessa questão da construção
das hortas comunitárias no Centro da nossa Cidade. Acho que mais do que
avançar, porque a associação tem cumprido esse papel fundamental. Tu trouxeste
o exemplo da Lomba, mais de 15 anos a população da Lomba do Pinheiro tem
estimulado e feito as hortas comunitárias e, de repente, no ano passado, surge
um projeto que poderia inviabilizar as hortas, foi todo um momento de
resistência e de luta, algo que tem a ver com uma concepção de cidade. Quando a
gente vê que a lógica tem sido justamente a de construir uma cidade de
privatizações, de estimular a convivência humana mediada pelas relações de
consumo e não pelas relações de solidariedade, de comunitarismo, a partir das
associações, de cultura; quando a gente vê uma lógica “carrocêntrica” sendo
imposta, que não valoriza a busca da qualidade de vida e justamente dessas
relações humanas e, nesse caso que vocês nos trazem, também das relações com a
natureza, com a qualidade de vida, com a qualidade alimentar da nossa
população, eu fico muito feliz vendo movimentos como este. Nós queremos
evidentemente apoiar a luta de vocês, dizer que é fundamental uma concepção de
cidade para as pessoas, de concepção da cidade de convivência, de relação da
cidade com a comunidade, e como moradora do Centro Histórico também. Que falta
faz no nosso Centro, que está muito abandonado, que tem deixado muito a desejar
em relação à limpeza urbana, em relação à garantia de direitos para a
população, em relação à iluminação. Toda a população do Centro quer espaços
como esse – de vida, de cidadania, de circulação de pessoas, de cultura, de
valorização da nossa produção, seja ela a produção orgânica de alimentos, seja
a produção cultural, de cidadania.
Então, contem conosco. Eu vi aqui os dois
terrenos reivindicados, acho que é uma luta. No caso da cedência de terrenos
municipais, eu vi que vários partidos, todas as bancadas se manifestaram a
favor da cedência de terrenos. Então há movimento de todos os partidos aqui no
sentido de encaminhar um ofício à Secretaria da Fazenda endossando o pleito da
cedência do terreno da José do Patrocínio nº 66. Acho que seria de bom-tom uma
forma de a gente se solidarizar e talvez buscar uma reunião em conjunto com a
Associação, buscando viabilizar esse terreno. A gente sabe que infelizmente é
preciso lutar para que vocês possam, de fato, garantir essa vida nesse terreno.
É algo importante, porque a Prefeitura tem funcionado como imobiliária,
vendendo terrenos que poderiam servir à moradora popular, a hortas, à cultura,
à arte, à vida, a creches. Então, para a gente garantir ele público e com
atividades comunitárias, é preciso luta, é preciso de união de todos os que
aqui se manifestaram. Parabéns.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. MAURO
PINHEIRO:
Presidente Cassio Trogildo, Caroline, Associação da Horta Coletiva do Centro
Histórico, venho aqui brevemente só manifestar o nosso apoio à entidade,
parabenizar pela atitude. Acredito, assim como vocês, que os espaços públicos,
que muitas vezes não são bem utilizados na nossa Cidade, devem ser utilizados,
e esta é uma boa proposta. Contem conosco, e que o projeto da Associação sirva
de exemplo para que outras associações e outros bairros tomem o mesmo destino.
Com certeza, conte com este Vereador para ajudar junto com a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre a buscar o espaço necessário para concretizar este
projeto. Parabéns.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Antes de passar para as considerações finais,
gostaria de dizer que apresentei, recentemente, um projeto de hortas
comunitárias para a cidade de Porto Alegre. O projeto está ainda na seção de
Redação, inclusive pedi para a minha assessoria trazer uma cópia para lhe
entregar. Logicamente, como ele está no início da tramitação, nós estamos
abertos a todas as sugestões, e, na continuidade, se for necessário, podemos
fazer uma audiência pública para as contribuições. E mais do que isso, quero
dizer que sou um praticante da horta. Eu cultivo, ao fundo do meu pequeno
terreno de seis metros de largura – são 18 metros quadrados ao todo –, ervas
medicinais, temperos, ervas aromáticas, couve, rúcula, alface, pimentão, pimentas.
E sei que, nesta Casa, também o Ver. Bernardino Vendruscolo – deve haver outros
Vereadores – é um agricultor urbano na sua residência, no bairro Medianeira.
Então, podem contar com o nosso apoio nessa importante iniciativa. Também somos
autores aqui de um projeto que estabelece que a Zona Rural será livre de
agrotóxico e de transgênicos. Estamos conversando com a AMA e também com o
Sindicato Rural para estabelecermos o prazo de transição para isso.
Logicamente, nós temos uma produção na Zona Rural que não pode, de uma hora
para outra, Ver. Tarciso, ser completamente modificada.
A Sra. Caroline Kolinski de Lima está com a
palavra para suas considerações finais.
A SRA. CAROLINE
KOLINSKI DE LIMA: Em primeiro lugar, em nome da Associação, eu gostaria de agradecer
a todos os Vereadores e às bancadas que se colocaram à nossa disposição. Nós
estamos por aqui, se alguém quiser mais algum esclarecimento, estamos à
disposição para as reuniões, enfim, para o que for preciso. Agradeço a
colaboração dos nossos Vereadores.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Obrigado, Caroline, diretora e secretária da
Associação de Hortas Coletivas do Centro Histórico, e a todos que a acompanham
aqui. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h13min.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo – às 15h14min): Estão reabertos os trabalhos.
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA
CAVEDON:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, quero me referir ao
fechamento do ano, a antecipações de receitas, à antecipação que o Presidente
fez ao Município de Porto Alegre.
Eu acho, Presidente, que, sim, este Parlamento
dá um exemplo, diferente dos Legislativos federal, estadual, do Judiciário, do
Ministério Público.
No Estado do Rio Grande do Sul, a gente vive uma
crise que é uma crise só de um Poder, só do Poder Executivo. E vem um pacote
que elimina de vez oito fundações, que quer privatizar não sei quantas empresas
públicas, que ataca frontalmente a carreira dos funcionários públicos, mexendo
na licença prêmio, mexendo do décimo terceiro, que, para nós, é cláusula
pétrea. O décimo terceiro será pago em dois anos; o salário vai poder levar
dois meses para ser recebido. Formalizar isso é simplesmente uma captura, um
sequestro dos salários dos servidores, dos trabalhadores do Executivo, e seguem
os demais Poderes impávidos, colossos, como se nada fosse com eles. Pelo menos
se prestassem a pedir impedimento do Governador do Estado do Rio Grande do Sul,
porque o Estado, no colapso em que está e com a alternativa de retirar do
Estado toda a capacidade de produção de conhecimento, com a extinção das
Fundações – como a Fundação de Pesquisa em Saúde, a Fundação de Economia e
Estatística, a Fundação de Pesquisa Agropecuária, agroecológica, a Corag, que é
a produção da cultura, que é o fomento do conhecimento, da leitura e do livro
–, abdica de toda a função humanizadora do Estado do Rio Grande do Sul sem
sequer discutir privilégios.
E
quando o Ver. Clàudio Janta falou das antecipações e receitas, eu quero cobrar
uma coerência do Executivo, Presidente Cassio. Nós, aqui, votamos por dois anos
R$ 2,5 milhões para investimento na educação infantil, R$ 2,5 milhões para 240
creches comunitárias. E um mecanismo que nós criamos era a devolução dos
recursos da Câmara, quando sobrasse recurso da Câmara, e que esses recursos não
fossem destinados ao caixa único, mas depositados no Funcriança. Ora, o Governo
não só não pagou essas duas emendas, não priorizou a educação infantil, como
agora captura recursos da Câmara que poderiam ir, pela primeira vez, aliás,
pela segunda, porque conseguimos fazer isso quando eu fui Presidente, para as
crianças, para o atendimento da educação infantil. Então eu não concordo com
essa lógica de que um Governo fecha o seu mandato mantendo o dobro de cargos
comissionados, mantendo meia dúzia de microssecretarias só para manter CCs nos
cargos, pelas coligações, enfim, e para apropriação da máquina e da própria
participação popular através dos cargos comissionados. Então é importante que a
cidade de Porto Alegre saiba: este Governo não priorizou a educação, priorizou,
sim, cargos comissionados e privilégios na Prefeitura de Porto Alegre como
foram os reajustes de duas grandes carreiras na Cidade.
Por fim, Presidente, eu quero dizer a nossa
opinião de Bancada sobre os funcionários da Câmara. Os funcionários da Câmara
ganharam na Justiça a reposição da URV. Eu sei que V. Exa. está tratando disso
bem, mas, se a Câmara está devolvendo dinheiro, esse direito que está sendo
requerido pelo Sindicato, pelos funcionários, que tem um calendário de
pagamento, que isso esteja previsto. Porque há uma reivindicação dos
trabalhadores, faz parte da composição do salário, e a Justiça entendeu que é
devida, e a nossa Bancada entende que tem que estar previsto nos custos da
Câmara, uma vez que a Câmara está inclusive com condições de devolver recursos
à Prefeitura de Porto Alegre. Então, na minha opinião, é justo que sejam pagos
os valores, as diferenças, da URV aos funcionários da Câmara Municipal de Porto
Alegre que prestam um excelente serviço, aqui, para a nossa Cidade, dando
suporte à democracia, à representação plural da sociedade, muito diferente do
que alardeiam nos meios de comunicação, daqueles todos que respaldam o Sr.
Sartori, do desmonte do Estado do Rio Grande do Sul. Nós acreditamos no
trabalho do funcionalismo público e achamos que os que jogam a barbárie, ao
mesmo tempo em que não pagam o direito dos trabalhadores, gastam em consultorias,
aqui em Porto Alegre, R$ 15 milhões neste ano, e precisa buscar dinheiro da
Câmara para recompor. Não põe recursos na educação infantil. Seriam só R$ 2,5
milhões da Educação Infantil, e foram pagos à consultorias externas R$ 15
milhões. Essa é a lógica. Não venham com essa conversa de que funcionalismo
custa muito caro. Na real, não é o funcionalismo que custa muito caro, é que as
opções de gestão são para colocar recursos na iniciativa privada, nas
consultorias, nos negócios privados, e não na política pública. Somos
contrários a isso. Fora Sartori, fora esse pacote que desmonta o Estado. Nossa
profunda indignação e defesa até o final, em especial da TV Cultura e da Rádio
FM Cultura. Não admitiremos que feche o canal público de comunicação,
Presidente, que é o que garante pluralidade e cultura ao nosso Estado.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Ver.ª Sofia, vou aproveitar para esclarecer a
questão da URV. A URV foi paga a partir da gestão do Ver. Garcia, foi
estabelecido um índice de 11,98%, e agora nós estamos com o questionamento do
Tribunal de Contas quanto à concepção desse índice, e a Casa está trabalhando
na montagem dos requisitos de como se chegou a esse índice. Em contraposição, a
folha de pagamento está trabalhando no cálculo individual do que é devido para
cada um dos servidores. Então temos esses dois requisitos a serem vencidos para
se poder falar em qualquer pagamento de URV. Não está parado esse assunto, só
que – e a senhora já foi Presidente desta Casa - acho completamente temerário
nós falarmos em pagamento de qualquer outro valor de URV enquanto não dermos
por convencido o Tribunal de Contas que esse índice de 11,98%, que foi aplicado
lá atrás, era um índice que está correto.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Muito obrigada, Sr. Presidente, lhe agradeço a
gentileza, acho que esse esclarecimento foi importante para todos os
Vereadores.
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Passamos às
Hoje, este período é destinado a assinalar o
transcurso do 80 anos da Sociedade Libanesa e Aniversário da Independência do
Líbano, por solicitação do Ver. João Carlos Nedel e do Ver. Dr. Thiago.
Convidamos para compor a Mesa: o Ricardo Marcon,
Cônsul Honorário do Líbano em Porto Alegre, e o Sr. Zilmar Moussalle,
Presidente da Sociedade Libanesa. Prestigiam também esta Solenidade, Décio
Lopes Motta, 1º Vice-Presidente, e o Sr. Nelson Kalil Moussalle, Diretor de
Obras.
O Ver. Dr. Thiago, em nome da Mesa Diretora desta
Casa, está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR.
THIAGO: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Também saúdo a presença do Ver.
João Antonio Dib, sempre Vereador, Cidadão Honorário desta Casa, que,
historicamente, sempre foi o proponente desta homenagem. Também tenho que fazer
uma citação muito especial ao Dr. Salim Sessim Paulo, que está enfermo, mas,
felizmente, está melhor. Hoje, pela manhã, estive com ele no Hospital de
Clínicas e ele, inclusive, tentava negociar com a equipe médica a vinda dele
aqui hoje. Disse a ele que não faltará oportunidade. Um dos idealizadores do
Departamento Médico Legal Odontolegista. Realmente, ele prestou grandes
serviços ao Estado do Rio Grande do Sul.
Uma excelente maneira de tirar um libanês do
sério é chamá-lo de turco. O brasileiro que faz isso certamente não sabe que o
apelido surgiu quando o Líbano pertencia ao império otomano e os imigrantes
libaneses vinham ao País com um passaporte turco recebendo assim o adjetivo
pátrio correspondente. Não fazem por maldade. Mas isso não importa, quando
memórias doloridas vêm à mente desse povo antiquíssimo, tão antigo a ponto de
ter visto Jesus Cristo, segundo os próprios evangelhos passar pelas suas
cidades de Sidônia e Tiro.
Após a primeira guerra mundial, com o colapso do
império otomano, o país foi entregue pela Liga das Nações ao mandato dos
franceses que trataram de expandir a sua influência no país fomentando o ensino
do francês, já então muito difundido devido às históricas relações comerciais
com Marseille e outras cidades da França mediterrânea, e instalando um sistema
parlamentar semelhante ao da França e remodelando a Capital Beirute à imagem e
semelhança de Paris, dos boulevards,
muitas árvores, museus, teatros e cafés. Beirute ganhou o status de capital cultural do oriente médio e os libaneses de
refinados e aristocráticos, excelentes comerciantes e oradores orgulhosos. Os
franceses do oriente, os mais ocidentais dentre os orientais. A independência,
que tratamos na tarde de hoje, Ver. Dib, a independência vem em 1943, os laços
políticos com a França e o Ocidente foram cortados apenas formalmente, num dos
chamados quatro princípios que nortearam a criação do povo descrito abaixo.
Mesmo sendo uma nação Árabe, e com o Árabe como língua oficial, o Líbano não
cortará nunca seus laços espirituais e intelectuais com o Ocidente, os quais o
ajudaram a alcançar um notável progresso. Uma maneira exemplar de tratar o
próprio passado e de construir o futuro, que sirva, sem dúvida nenhuma, isso de
exemplo para os dias que virão naquele pequeno país que tanto tem a ver com o
Brasil, e especialmente, com os milhões de descendentes daqueles turcos, entre
aspas, que por aqui chegaram nos primórdios do século passado. Descendentes que
inclui os multiétnicos representados e felizes que compartilham todo esse
legado.
A República do Líbano é localizada no Oriente
Médio, tem fronteiras com a Síria e com Israel e é banhada pelo mar
Mediterrâneo, onde as costas são entrecortadas e sua capital é Beirute.
Diversas situações caracterizam muito o povo libanês, a maioria dos habitantes
fala o árabe, o árabe é dominante, o francês e o inglês também são usados. Ele
pertence à Liga Árabe, é o único Estado Árabe em que o Cristianismo predomina,
mas não é a religião oficial, a religião é variada, existe uma pluralidade de
religiões, com muçulmanos, drusos, ortodoxos, armínios, católicos e
protestantes. Mas o maior grupo religioso é o maronita, que se estabeleceu nas
áreas no século VII, assim chamados por causa que são marrom, morto no século
V.
O povo libanês é muito religioso. Espalhadas por
toda parte se vê igrejas, mesquitas, convênios, mosteiros, as pessoas estão de
tal modo integradas ao espírito religioso que se apresentam como membros de uma
religião. O País não tem uma religião oficial, como nós já falamos.
Eu queria destacar, na data de hoje, as palavras
do nosso ilustre, sempre Vereador, João Antonio Dib, que é descendente de
libaneses, que, no seu ultimo discurso aqui na Casa, pronunciou uma frase que
sempre, certamente, Ver. Dib, ficou gravada em todos nós: o Líbano é um pequeno
País com um grande povo, e eu por isso tenho orgulho da minha ascendência. É
com muita satisfação que divido, inclusive, o meu tempo com o Ver. João Carlos
Nedel. Concluo, dizendo que efetivamente a cultura árabe está impregnada em
todos nós, todos nós, que formamos o povo brasileiro acabamos por ter laços de
ascendência, no meu caso, de descendência, com povos árabes, e isso, sem dúvida
nenhuma, engrandece as nossas ideias, oxigena os nossos espíritos, fomenta uma
humanidade muito mais plural e com muito mais respeito ao próximo. Parabéns
pela independência do Líbano, parabéns pela atividade social, cultural,
gastronômica, desenvolvida em Porto Alegre pela Sociedade Libanesa, por quem
temos muito carinho, pois ela acaba congregando, agregando e disseminando a
cultura desse País milenar. Muito obrigado, parabéns e vida longa à
independência sempre presente do Líbano. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Saúdo a presença do
nosso ex-Vereador e ex-Prefeito João Antonio Dib. O Ver.
João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje, em
nome da Câmara Municipal de Porto Alegre e também da Bancada do Partido
Progressista, e, ainda, do sempre Ver. João Antônio Dib, quero saudar a
Sociedade Libanesa pelos seus 80 anos de fundação. Essa fundação ocorreu no dia
1º de dezembro de 1936, na sede da Sociedade Recreativa 25 de Setembro. Hoje, a
Sociedade Libanesa, com uma bela sede na rua Barão do Rio Grande, nº 10, possui
485 associados e é um centro de convivência da colônia libanesa em Porto
Alegre. Recebam, então, senhores dirigentes da Sociedade Libanesa, os
cumprimentos desta Casa, por promoverem a convivência de grande parte da nossa
população em Porto Alegre. Mas também hoje nós homenageamos o Líbano, cujo nome
oficial é República, que é um pequeno país, limitado de um lado pelo
Mediterrâneo e por outro, duas cadeias de montanhas paralelas, parecendo um
país suspenso entre o céu e o mar. Apesar de pequena – equivalente, mais ou
menos, ao Estado de Sergipe –, é uma terra resplandecente em sua geografia
diversa, em suas paisagens, em sua cultura, em sua história. País de origens
múltiplas, amoldado por 10 mil anos de história, o Líbano atual comemora 73 anos
de independência política, obtida no dia 22 de novembro de 1943.
O Ver. Dr. Thiago já falou bastante sobre o
Líbano, e eu quero dar umas pinceladas, alguns detalhes que até podem trazer
alguma surpresa para a maioria dos Vereadores e para os nossos telespectadores
da TVCâmara. O Líbano hoje tem 18 comunidades religiosas, 40 jornais diários e
42 universidades, 70% dos estudantes estão em escolas privadas. Os cristãos constituem 40% do povo libanês, o
maior percentual de todos os países árabes. Dr. Thiago, há um médico para cada
dez pessoas no Líbano – que beleza: um médico para cada dez pessoas! –,
enquanto, na Europa e na América, há cerca de um médico para cem pessoas. Há
4,5 milhões de libaneses no Líbano, e cerca de 18 milhões de libaneses fora do
Líbano. Beirute é o 10º destino de compras mais popular do mundo. Beirute foi
nomeada, em 2009, a Capital Mundial do Livro. Eu poderia citar, pelo menos,
mais 20 ou 30 aspectos referentes ao Líbano capazes de distingui-lo e de, até
mesmo, causar inveja aqui no Brasil.
Mas um país nada é sem
o seu povo. E é esse povo extraordinário que o Brasil tem acolhido, desde o
séc. XIX, com tanto carinho, respeito e aceitação. Por isso a Câmara Municipal
de Porto Alegre saúda os 73 anos de independência do Líbano, abraça cada um dos
descendentes libaneses de Porto Alegre, que se integraram a nossa terra, e
deseja ao Líbano e ao seu povo um futuro de paz e de prosperidade. Que estejam
sempre irmanados com o Brasil e os brasileiros! Que Deus continue abençoando o
Líbano e os libaneses! Parabéns!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Convido o Ver. Dr. Thiago e o Ver. João Carlos Nedel a fazerem a entrega
do Diploma ao Sr. Zilmar Moussalle, Presidente Sociedade Libanesa.
(Procede-se à entrega
do Diploma.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Sr. Zilmar Moussalle, Presidente da Sociedade
Libanesa, está com a palavra.
O SR. ZILMAR
MOUSSALLE:
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Cassio Trogildo; Srs.
Vereadores Dr. Thiago Duarte e João Carlos Nedel, proponentes desta homenagem à
Independência do Líbano e também aos 80 anos da Sociedade Libanesa; Sr. Ricardo
Malcon, nosso Cônsul Honorário; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores; senhores e
senhoras. Permitam-me dissertar sobre a evolução de nosso Clube. Serei
materialista, não sei longo nem jogarei plumas sobre as cabeças daqueles que
construíram o nosso Clube. Não farei, também, uma homenagem ao Líbano; não que
não mereça. Merece, e como dizia Jesus Cristo: “Se não acreditam em mim, creiam
em minhas obras”. Farei então um breve relato que nossa gente fez nesses 80
anos de história, e cada pedra, cada tijolo, cada metro de fio, cada litro de
tinta, cada telha, cada metro de muro, enfim, cada pedaço de material serão
aqui homenageados à nossa Pátria de origem e aos que dedicaram a erigir esse
monólito chamado Sociedade Libanesa de Porto Alegre.
Cinquenta e seis anos depois da chegada dos
primeiros libaneses nesta terra, mais precisamente no dia 1º de setembro de
1936, na sede social recreativa 25 de Setembro, na estrada do Passo da Areia,
um grupo de amigos, todos libaneses, realizaram uma assembleia geral destinada
à fundação de uma sociedade beneficente e recreativa denominada Sociedade
Libanesa, na qual estava presente o meu pai, Elias Moussale, a quem eu rendo a
minha homenagem particular.
A entidade foi criada com objetivo social,
esportivo, cultural e beneficente, sem distinção de nacionalidade ou credo
político. Numa segunda assembleia, no mesmo ano, no salão da Igreja São João, começou-se
então a juntar dinheiro para comprar um prédio na Rua Ipiranga, por 35 contos
de réis; essa rua, em 1948, mudou seu nome para Dona Leopoldina, e, em dezembro
do 1936, uma missa campal oficializada pelo Bispo Dom João Becker inaugurou a
nossa sede. Passado o primeiro ano, já se pensou em ampliar a sede, e para isso
foram tomados empréstimos – sem juros, é claro, como bons libaneses. A vocação
esportiva aparece nos primeiros dias da Libanesa com a participação, em 1937,
do primeiro campeonato popular de tênis de mesa, chamado ping-pong, promovido
pelo jornal Folha da Tarde.
Reflexos negativos ainda da grande guerra levam
a sociedade a alugar suas dependências, sendo proibidas, porém, atividades
políticas. A paz faz surgir, na Libanesa, a importante presença da mulher, que,
em 5 de setembro de 1946, funda a Sociedade Beneficente das Senhoras. No final
do ano são confeccionadas as primeiras carteiras sociais; no final da década de
1950 a hipoteca do imóvel foi quitada. Em 1951, os sócios decidem construir uma
nova sede; é realizado um leilão de títulos e o número um sai por 20 mil
cruzeiros. Enquanto se construía a sede da Leopoldina, um espaço é alugado no
6º andar da Rua Senhor dos Passos, nº 54. Em 1954, ano que se comemorava o 18º
ano da Libanesa, a nova sede é inaugurada. Nossa história não foi só de
conquistas: chegou uma hora em que a fonte secou. Em 1955, as dificuldades
econômicas nos pegaram em cheio! A Diretoria lançou então um Livro Ouro que foi coberto por empresas que
receberam títulos de sócio benemérito. Em 1957 todas as dívidas foram quitadas,
de forma que no ano em que completou sua maioridade, 21 anos, o monólito estava
consolidado.
Novas necessidades surgiram, pois precisávamos
de mais espaços para nossas atividades. Ao chegarmos nos anos 1960, sonhamos
com um parque esportivo e, em 1965, encontramos um terreno da atual sede, em
que, na época, havia um lindo pântano, com grandes barrancos, declives e
aclives. Ma nada nos impedia, em 1973 foi lançada a pedra fundamental da nova
sede. O muro de proteção e contenção foi erguido em 1978. Em 1981, iniciaram-se
as construções das piscinas e vestiários; em 1984, são inauguradas novas
churrasqueiras; em 1985, a Libanesa recebeu a proposta para construção, em
parceria, de três quadras de tênis; em 1986, foi inaugurada uma quadra de
futebol. A partir daí nunca mais paramos de crescer. Hoje estamos localizados
em uma área das mais valorizadas de Porto Alegre.
Cada diretoria que passou fez o melhor que pôde,
se esforçou o máximo para que cada centavo fosse aplicado em benefício dos
associados, sendo que cada degrau foi construído para esta grande escadaria que
hoje é o nosso clube, com quadras de tênis cobertas, o que poucos clubes têm;
vestiários modernos e bem equipados, churrasqueiras e espaço gourmet, fisioterapia, pilates, quadra
coberta de futebol sete, uma quadra de beach
tennis, estacionamento interno grátis aos associados, dois salões de festas
muito disputados pela comunidade. Enfim, nunca paramos de crescer, driblando e
superando as crises econômicas.
Isso, meus senhores, é um brevíssimo relato de
nossa história e de seus empreendedores. Mas ainda tem uma história social em
que o Líbano nunca foi esquecido em suas datas ou pelas visitas de seus
governantes, cuja presença na sociedade é constante. Recreação e diversões
nunca faltaram. Poderia falar a tarde inteira sobre a nossa história: jantares,
festas, campeonatos, eventos culturais, mas, como prometi ser breve, parabenizo
toda comunidade, todos os irmãos e irmãs libaneses. Um agradecimentos a todos,
sem exceção, aos nossos ex-Presidentes que não se encontram mais entre nós;
permitam-me nominá-los: Haguel Bothomé, Oscar AIlém, Kesroun Seadi, Michel
Ganem, Jorge Saffi, Elias Sfair, Elias Bothomé, Tufi Buchabqui, Tuffi André,
Jofre Bothomé, Lauro Reis, Julio André, José Alexandre Zachia, Elias Kalil
Poços, Calil Rihan. E também aos que continuam a frequentar as nossas
dependências: José Jappur, Osmar Selaimen, Cirne Chamum, Cláudio Rihan, Alfredo
Rihan, Amir Selaimen da Costa, Cláudio Satte, Nelson Moussalle, Emir Selaimen
da Costa, José Carlos Harris, Gabriel Fadel, Gilberto Cafruni, Ricardo Adaime,
este que vos fala e também o nosso Cônsul Honorário Ricardo Malcon.
Encerro com um ditado árabe que reflete muito
bem a nossa história: "Nunca se sinta derrotado diante dos obstáculos. A
cada adversidade que se abater sobre você, a cada obstáculo, por mais difícil
que se apresente, faça deles um degrau para atingir um lugar melhor, com uma
visão mais avançada e com maturidade. A derrota não existe, a não ser que você
aceite. Comece e recomece sempre. É assim que se constrói sempre. É assim que
se constrói uma vida feliz!" Felizes os 80 anos da nossa Sociedade
Libanesa. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Obrigado, Sr. Zilmar Moussalle. O Sr. Ricardo
Malcon, Cônsul Honorário do Líbano, está com a palavra.
O SR. RICARDO
MALCON: Sr.
Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre, Ver. Cassio Trogildo; Sr. Zilmar Moussalle, Presidente da
Sociedade Libanesa; Srs. Vereadores, senhoras e senhores, com muita honra fui
convidado para dirigir algumas palavras a vocês. Digo a vocês sobre a
importância desta homenagem dupla: o Líbano, pela data nacional da
independência desse grande País; e a Sociedade Libanesa de Porto Alegre fazendo
80 anos. A Sociedade Libanesa é o lugar onde os libaneses se encontram e é um
exemplo para as outras cidades do Rio Grande do Sul onde temos núcleos de
libaneses, como Santa Maria, Pelotas, Passo Fundo, Santa Vitória do Palmar,
Santana do Livramento, Bagé. Em todas essas cidades nós temos um feudozinho,
são lugares onde temos libaneses que se reúnem, e, a exemplo da Sociedade
Libanesa, dessa pujança da Sociedade Libanesa, que vocês devem ter notado nas
palavras do nosso Presidente Zilmar Moussalle, que foi muito feliz quando falou
da construção da Libanesa. Todas essas pessoas que trabalharam para a
construção da Libanesa, que são inúmeros ex-presidentes, tiveram um trabalho
árduo, e são exemplo para os outros do interior de como construir. E esse
exemplo não é daqui, esse exemplo vem lá do Líbano, dos nossos pais, dos nossos
avós, que nos deram essa vontade de crescer. O Líbano já foi destruído duas ou
três vezes pela guerra, e foi reconstruído. Hoje, no Brasil, nós temos grandes
empreendedores de origem libanesa, que cito para vocês, Salim Mattar, que é um
grande empreendedor brasileiro; Amyr Klink, que todo mundo sabe quem é; Carlos
Ghosn, Presidente da Fiat e da Nissan; Naji Nahas, um grande empreendedor, um
grande investidor mundialmente conhecido. São todos de origem libanesa, são
empreendedores, são homens que vieram para o Brasil em busca de sucesso,
trouxeram seu conhecimento milenar e trabalharam para si, para o Brasil e para
o Líbano. Nesse dia, eu acho muito importante citar também um grande político,
um grande Vereador, o Dr. Dib, que, há muitos anos, desde que me conheço por
gente, contribui para o crescimento da cidade de Porto Alegre. (Palmas.) E todo
mundo quer saber quem é. É um libanês. Então vocês vejam que eu não posso falar
muito, porque, daqui a pouco, vou me esquecer de alguém, mas são muitos
conhecidos. Diante disso tudo, eu vim aqui agradecer o carinho de vocês por,
mais uma vez, homenagear o meu País, e dizer o quanto é importante esta
homenagem. Muito obrigado. Uma boa tarde a todos. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Delegado Cleiton assume a presidência
dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em
Comunicações.
O SR. IDENIR
CECCHIM:
Sr. Presidente, Ver. Delegado Cleiton; meu caro amigo Ricardo Malcon; Sr.
Zilmar Moussalle; como vocês viram estamos cheios de libaneses na Câmara de
Vereadores: libaneses italianos, libaneses judeus, libaneses de todas as
etnias, e temos um libanês negro, que fala italiano também, e que está
presidindo a Sessão neste momento. Então, nós estamos aqui fazendo uma
homenagem para quem a gente gosta. A Câmara de Vereadores, este ano, através do
Ver. Dr. Thiago e do Ver. João Carlos Nedel, faz uma homenagem para duas importantes
instituições. O Consulado do Líbano é muito importante para nós. Sr. Cônsul, V.
Exa. faz, como poucos cônsules conseguem fazer, uma festa em homenagem ao seu
país com o Estado presente na Sociedade Libanesa. Eu tenho o prazer de ter
feito um substitutivo colocando a Sociedade Libanesa como um local importante
da Cidade, um local institucional da Cidade. E não é por pouco, tem uma
confraria de gringos, de italianos, nas quintas-feiras, na Sociedade Libanesa,
e eu participo também, seguidamente, e é muito boa. Então, é uma sociedade que
recebe os porto-alegrenses, independente de credo, de onde vieram do mundo, de
raça, é uma sociedade aberta, de coração aberto. Assim como o nosso Cônsul, meu
amigo, que, quando ele vem à Câmara, eu me dou ao luxo de almoçar com ele nas
quintas-feiras, com muita alegria.
Então, vocês fazem parte, tanto a Sociedade
Libanesa quanto a representação do Líbano aqui em Porto Alegre, da vida, do dia
a dia da Cidade que nós tanto gostamos. E a Câmara de Vereadores, por isso, faz
todos anos essa homenagem, que o mais famoso libanês, João Dib, sempre
homenageou. E ele conseguiu fazer com que todos os anos, aqui na Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, se faça essa referência e essa homenagem. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra em
Comunicações.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Ver. Delegado Cleiton; Exmo. amigo Ricardo Malcon, Cônsul Honorário
do Líbano em Porto Alegre; meu caro Presidente Zilmar Moussalle, da nossa
Sociedade Libanesa; meus caros amigos, em especial, um abraço, um beijo muito
fraterno ao nosso paradigma, nosso ex-Vereador e ex-Prefeito João Antonio Dib,
enfim, a cada um dos senhores e senhoras que vêm aqui a nossa Casa. Que bênção
é estarmos neste lugar que é um cadinho, que recebeu com todo o carinho todas
as imigrações que para cá vieram e que conformam essa maravilha que é o povo
brasileiro, que é libanês, italiano, negro, judeu, enfim, e aqui podemos
conviver dessa forma fraterna, nos somando para construir essa bela realidade.
Eu não sei se os amigos sabem, eu fui,
obviamente, muito bem acolhido por Porto Alegre, sou Vereador agora indo para o
terceiro mandato, mas sou natural de Bagé, e lá morei até os 14 anos. E dessas
coincidências, tanto que lembrei ali ao nosso Cônsul que tem uma colônia
libanesa muito grande em Bagé. E dos meus, quem sabe talvez um dos melhores,
senão o melhor amigo de infância é hoje um médico lá, chamado Dr. Elias Kalil,
vivíamos sempre juntos, filho do Dr. Luis Simão Kalil, que foi prefeito lá de
Bagé. E nós nos criamos juntos. Tinha o Dr. Deibler, tem a família Salim,
vários ramos da família Kalil que compunham uma imigração maravilhosa que foi
lá para a nossa cidade e que, como tantas outras, ajudou a formar o nosso País,
a nossa riqueza, e ajudou inclusive aquela região da Campanha a desenvolver uma
outra vertente, que o nosso querido Malcon tão bem representa, que é uma
vertente empresarial, porque era uma região do Estado caracterizada pela produção
primária. E lá, quando foram os libaneses, que brinca o Dr. Thiago, todos
chamavam de turcos, porque não sabiam, eles ajudaram a desenvolver esse outro
aspecto tão maravilhoso. Eu me lembro sempre do seu pai e da sua convivência
com todos os amigos, me lembro, inclusive, da sua atividade profissional em um
caso muito conhecido que houve e que nos aproximou do Hamid Iskandar, que foi
presidente e Cônsul do Líbano e era muito amigo do meu pai também, enfim, todas
essas questões. Depois, vindo a Porto Alegre, acabei, da mesma forma, me
aproximando aqui e sendo muito amigo, até hoje, graças a Deus, do Ricardo
Nacul, que era filho do Dr. Jamil Nacul, que também era de uma família
tradicional. E tudo isso é uma maravilha, porque qualquer questão... Eu tenho uma
tristeza com essas questões todas. Eu sou um Vereador com ligação com a
comunidade judaica, nós temos aquelas questões daquelas divergências que eu
rogo, que eu rezo a Deus que sejam um dia superadas. Eu muito gostaria de poder
ir ao Líbano. Já estive três vezes lá, fui até a fronteira, mas desejo que, em
vida, ainda possa visitar aquelas maravilhas que a vida toda eu ouvi: de um
país que tem essa sua natureza, suas origens árabes, mas com uma vinculação
muito próxima com a cultura francesa, das praias maravilhosas do Mediterrâneo,
e, em uma hora e pouco, se sabia que se estaria nas montanhas e em estações de
esqui, tudo isso que o Líbano representa. Eu tenho memórias afetivas e
gastronômicas da minha infância, lembro-me, Ver. Cecchim, de quando meu pai ia
à casa, Ver. Dr. Thiago, de uns amigos nossos para buscar aquela balinha de
goma, que tem um pistache dentro, é algo tradicional. Eu não lembro o nome.
Também do nosso quibe cru, de toda a comida que adoro até hoje e que conforma,
como eu disse, este cadinho maravilhoso que é o nosso Estado e que pode
receber, que bom, essa tão importante imigração que compõe esta nossa
realidade. Então, é uma alegria poder estar junto, poder celebrar. Eu queria
aqui, também, em meu nome, em nome do nosso mandato, fazendo coro à
manifestação do Ver. Idenir Cecchim, cumprimentar a nossa Sociedade Libanesa,
cumprimentar a nossa colônia libanesa aqui, desejando que a gente consiga e
possa ter a ventura de continuar convivendo e construindo essa realidade tão
maravilhosa. Parabéns a vocês. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Sr. Ricardo Marcon está com a palavra para as
suas considerações finais.
O SR. RICARDO
MALCON: Vereador,
eu quero esclarecer algo importante, porque não está correto. O senhor é
brasileiro, nasceu em Bagé, o seu passaporte é brasileiro, então o senhor é
brasileiro, de origem brasileira. A sua família é de origem judaica ou
israelense, se nascidos em Israel. Se forem nascidos em algum outro país, vocês
são judeus apenas, mas isso não vem ao caso. O fato de o senhor ser brasileiro
lhe dá todo o direito de o senhor ir ao Líbano, com seu passaporte, e, lá
chegando, ser recebido de braços abertos, porque o Líbano recebe os
brasileiros, não importa se o senhor é judeu. Há vários judeus libaneses,
vários, não é um nem dois. Eu vou ao Líbano frequentemente e vou em maio, se o
senhor quiser ir comigo, vai ser um prazer levá-lo ao Líbano. E pode ter
certeza de que o senhor vai ser muito bem recebido, nós não temos nada contra
os judeus e nada contra Israel. Existe um problema mundial. O Líbano não é
inimigo de Israel; Israel não é inimigo do Líbano. Às vezes ocorrem umas
encrencas, mas isso acontece em qualquer lugar. Era isso o que eu precisava
esclarecer. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós queremos também homenagear os
senhores que vêm aqui representar as entidades e o Consulado. Foi dito muito
sobre a comunidade libanesa, tão próxima à sociedade porto-alegrense e que
tantos feitos tem proporcionado ao nosso Estado, e em vários outros Estados
também. Era esse o nosso cumprimento porque o nosso líder da Bancada falou
antes. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ADELI
SELL: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Para nós é importante este momento,
esta pequena homenagem ao Líbano, ao seu povo, a essa comunidade que convive
conosco aqui em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, Ver. João Dib. Nós estamos
passando por alguns momentos conturbados no mundo inteiro e é importante que em
cada momento que nós possamos celebrar a comunhão dos povos, nós devemos fazer
com todo o vigor e determinação. Porto Alegre, o Rio Grande do Sul e o Brasil,
de um modo geral, têm sido generosos com aqueles que para cá vêm. Nós, aqui em
Porto Alegre, estamos vendo pessoas que vêm do Interior - de Vacaria, como o
Dib, eu venho de Santa Catarina - e Porto Alegre sempre de braços abertos.
Portanto, é um momento ímpar que nós temos. Vou aproveitar esta tarde para
enfatizar, mais uma vez, a importância do congraçamento humano, do respeito às
etnias, do respeito que a gente deve ter com o ser humano. E aqui muitas vezes
eu preciso lembrar o que é importante, Ver. Freitas, lembrar a herança que nós
não podemos desprezar de Immanuel Kant, quando diz que “o homem é um fim em si
mesmo”, ou seja, é preciso respeitar a pessoa de qualquer forma. E está lá na
nossa Constituição, Ver. João Dib, a dignidade da pessoa humana, portanto, o
respeito a todas as comunidades, a todos os povos, a todas as raças, a todas as
etnias.
Fico muito contente de poder estar nesta tarde
aqui com as senhoras e com os senhores, especialmente com essas duas figuras
fantásticas que vêm aqui nos falar do glorioso Líbano. Vida longa a esse país!
Vida longa a esse povo! Viva o congraçamento entre os povos do mundo inteiro!
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, quero cumprimentar, antes
de tudo, em nome da minha bancada do PCdoB e em meu nome próprio, o nosso
Presidente neste momento, o querido Delegado Cleiton; acho que é muito
simbólico a presidência estar com V. Exa. neste momento. Cumprimento o Sr.
Ricardo Malcon, Cônsul Honorário do Líbano, e o Sr. Zilmar Moussalle,
Presidente da Sociedade Libanesa, e, também, o sempre Vereador João Antonio
Dib, de origem libanesa e que sempre honrou muito esta Casa com a sua atuação.
Tenho quase certeza de que ele foi o primeiro promotor de uma homenagem como
esta.
Neste momento, celebramos aqui, recebendo os
senhores, e os senhores trazendo também toda a história do seu povo, da vinda
para o Brasil, e simbolizamos a maior riqueza da nação brasileira, que é a
nossa diversidade humana e cultural. Nós somos fruto disso. O Brasil é um país
que a todos recebe, e não poderia ser diferente com a comunidade libanesa,
porque contribuem aqui conosco com a sua cultura, com os seus costumes, e somam
a esta diversidade, também numa área estratégica para o nosso desenvolvimento,
que é a área do comércio. Há exemplos antigos - eu convivi muito com isso no
interior do Estado; nasci em Cacequi, me criei em Cacequi, São Gabriel, Pelotas
e, por fim, em Porto Alegre -, e me lembro desde menina de uma forte comunidade
libanesa, principalmente em Pelotas, e havia esta convivência com os
brasileiros, com as outras etnias, enfim, naquela cidade.
Outro aspecto é que esta comunidade se soma, e
os senhores foram muito felizes neste momento em nos demonstrar isso, à luta
dos povos do mundo pela autodeterminação e pela soberania das Nações. Isso é
muito importante, é fator fundamental para a paz no Brasil e no mundo. E por
que digo isso, inclusive com emoção? Estou vindo de uma atividade do Conselho
Mundial da Paz, no Maranhão, onde representei esta Câmara. Lá estavam os cinco
continentes, cerca de 50 países, recebidos pela Cebrapaz, o Centro Brasileiro
pela Paz. Não fui ainda à tribuna, não tive tempo, comunico agora, fui eleita
Vice-Presidente da Cabrapaz, pela minha luta histórica em defesa dos povos,
pelas minhas origens e pela busca da paz. Naquele momento, e hoje foi
casualidade de estarem os senhores aqui, eu me dei conta ainda mais do
significado de cada povo, esteja onde estiver, com a sua cultura, seus costumes,
seu trabalho, contribuindo com a nação onde estão e com as nações do mundo por
aquilo que hoje me parece ser a busca de todos, que é a paz dos povos do mundo
- e paz pressupõe soberania -, e os senhores, com a sua história, são antigos
lutadores pela soberania, pela independência da nação libanesa, e trazem para
cá para somar ao povo brasileiro essa luta. Então é uma honra para nós podermos
homenagear essa comunidade, assim como outras que homenageamos nesta Casa, mas
cada um tem a sua particularidade, e eu creio que hoje, celebrando a paz no
mundo, os senhores vêm dar o exemplo do que significa a luta do povo libanês
nesta contribuição.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Saúdo novamente o Sr. Zilmar Moussalle,
Presidente da Sociedade Libanesa, o Sr. Ricardo Malcon, Cônsul Honorário do
Líbano, e também o nosso eterno professor, meu querido amigo, Ver. João Antonio
Dib, professor de todos nós. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h13min.)
O
SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton – às 16h14min): Estão reabertos
os trabalhos.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ADELI
SELL:
Meu caro Presidente, Ver. Delegado
Cleiton; colegas Vereadores e Vereadoras, meu caro Ver. João Dib, senhoras e
senhores, neste momento, eu só queria, em nome das oposições, aqui fazer um
chamado especial à atual gestão municipal. Ver. João Dib, nosso Prefeito, sobre
a importância que tem a máquina pública funcionando. Meu caro, Cecchim, nós,
tempos atrás, trabalhamos, desenvolvemos esta questão do alvará provisório da
Prefeitura de Porto Alegre. Hoje nós temos uma demora impressionante, Ver.
Freitas, para conseguir qualquer coisa na Prefeitura. Quando as coisas vão para
o EPAHC, de lá não saem, de lá não saem. Já disse que isso é uma vergonha! Uma
cidade do tamanho de Porto Alegre ter morosidade nas suas Secretarias. Pessoas
que deveriam ser diligentes, atentas, rápidas, nos seus despachos, fazem
questão de azucrinar a vida das pessoas. E a Cidade está decrescendo, quando
devia correr para a modernidade. De que adianta ouvirmos da mídia local que a
instituição chamada Instituto Endeavor colocou R$ 1,6 milhão na Prefeitura para
que funcionasse a burocracia. São dias, meses que os processos ficam na mesa
dos secretários, nos gabinetes dos burocratas. E as coisas não andam! Para que
se consiga um habite-se é uma eternidade; um EVU, é uma eternidade; um alvará,
é uma eternidade! Tudo é demorado em Porto Alegre! Nós não podemos continuar
assim.
Nós fomos convocados para falar com o Prefeito
que vai assumir no dia 1º de janeiro. Amanhã quero dizer a ele que se ele
conseguir colocar um mínimo de agilidade na máquina da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, ele terá feito um bom governo. Poderá fazer um excelente governo
se quebrar determinados parâmetros da burocracia de Porto Alegre. Esta Cidade
está paralisada! Nós temos que mudar, podemos e vamos mudar. Essa é a nossa
visão e opinião. E a pressão será cada vez maior daqui para frente. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, venho a esta tribuna como
Vereadora do PCdoB, Líder da Bancada, e em nome da Direção Estadual do meu
Partido. Quero trazer algumas considerações de uma nota pública do Partido
Comunista do Brasil sobre o pacote do Governador Sartori. Para nós, ele
significa a destruição do futuro do Rio Grande. Com o pretexto de sanar a crise
no Estado, anunciado nesta segunda-feira, o Governador pode ter surpreendido
pela sua extensão, mas para nós não é surpresa no seu conteúdo. Desde o início
do seu Governo, há dois anos, ele tem adotado a mesma postura de ataque aos
servidores, ao serviço público e ao desmonte do Estado do Rio Grande do Sul.
Trata-se de uma receita muito antiga, que não funcionou, e que o Governador
tenta apresentar travestida de novidade. Não dá para esquecer a década – mais
de uma década, mas eu chamo a década perdida – dos anos 90, tanto no Brasil,
quanto no Rio Grande do Sul, a moda da privatização, da desregulamentação do
Estado, acabou levando ao desmonte, desregulamentando a economia, os direitos e
promovendo aquele chamado Estado mínimo. Não é à toa que o Governador tenha
citado, inclusive, no seu pronunciamento, a ex-ministra britânica, Margaret
Thatcher, ao justificar suas propostas, a deusa do neoliberalismo naquela
década no mundo. O resultado da adoção dessas políticas, naquele momento, nós
todos conhecemos, a crise que se aprofundou, que se tornou crônica no Rio
Grande e no Brasil, passou a dever cada vez mais, e o Brasil quebrou. A Nação
Brasileira quebrou na década de 90. Eu era deputada estadual e me lembro,
inclusive, das discussões que tínhamos com o atual governador, então deputado,
também meu colega, José Ivo Sartori, ele defendendo o neoliberalismo, e nós,
naturalmente a defender uma outra política, uma outra postura.
O povo e os trabalhadores é que pagaram a conta,
com a perda dos seus direitos, com o arrocho dos salários, ampliou-se o
desemprego, os serviços públicos se tornaram extremamente precários, foram
muitos anos perdidos, foi muito atraso na Nação Brasileira. Esse filme nós já
vimos; não tem nada de novo, e é com a responsabilidade de quem vivenciou
aquela época, inclusive, como deputada, neste Estado, que eu venho a esta
tribuna em nome do meu Partido. O nosso Estado vive uma profunda crise que
precisa ser enfrentada sim, inclusive, a Bancada no nosso Partido do PCdoB, na
Assembleia Legislativa, a Deputada Manuela d’Avila e o Deputado Juliano Roso
estão fazendo uma análise muito criteriosa dos projetos que o Executivo
Estadual encaminhou ao Legislativo, porque nós temos, como prioridade naquela
Bancada e aqui nesta Casa, nas nossas lutas e nos movimentos sociais,
sindicais, onde participamos, a defesa do Estado, a construção de propostas que
contribuam efetivamente para que o Rio Grande do Sul supere a crise, supere a
estagnação econômica, sem admitir retrocessos e ataques aos direitos dos
trabalhadores e ao nosso patrimônio público. Nós não somos da tese - sempre
Vereadora Maristela Maffei que muito bem nos representou nesta Casa como
Vereadora do partido, sabe do que estou falando porque vivenciou e continua uma
militante atuante -, do quanto pior, melhor; pelo contrário, nós queremos um
estado que cumpra o seu papel efetivo nas políticas públicas, que não destrua
setores que são estratégicos para garantia dos direitos de cidadania. Por isso
que nós dizemos que é impossível aceitar que esses setores, como a área de
energia, pesquisa, planejamento, informação, cultura, saúde, sejam destruídos.
É um contrassenso, Srs. Vereadores, propor a extinção da Sulgás, por exemplo,
que tem previsão superavitária de 160 milhões de reais para este ano. Quero
dizer que sou testemunha disso porque, quando Secretária de Estado do Meio
Ambiente, o Governo do Estado tinha assento nessas estatais e, casualmente, a
orientação do Governador Tarso era de que o assento na Secretaria Estadual de
Meio Ambiente, onde era titular, fosse contribuir exatamente no Conselho da
Sulgás, e não houve, em nenhum momento, naqueles três anos, e nem depois e nem
antes, déficit na Sulgás, é uma empresa estatal muito bem constituída. O nosso
partido cita essa empresa exatamente para mostrar uma empresa superavitária,
tem uma previsão de 160 milhões para este ano, agora tem que ver onde vai
aplicar. A TVE é órgão insubstituível na comunicação pública e no fomento da
cultura, aliás, acho que a TVE deveria ser sempre melhor apresentada pelos
governos, não estou falando aqui de siglas, mas no significado de uma TV
estatal para o Estado do Rio Grande do Sul, que é um Estado que tem a
perspectiva de desenvolvimento econômico, e nos meios de comunicação, uma TV
estatal representa um processo importante no debate da sociedade sobre os rumos
da economia, sobre os direitos da população e outras políticas fundamentais
como saúde, educação, segurança.
O
SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Jussara Cony prossegue a sua
manifestação, a partir deste momento, em Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY:
Muito obrigada. Quero dialogar aqui com a população de Porto Alegre. Dizer que
esse desmonte está na contramão da história, vamos andar para trás, significa
um prejuízo enorme para o nosso futuro, para o nosso Estado. Há pouco estávamos
aqui homenageando uma comunidade. O nosso Estado tem as mais variadas
comunidades, que trouxeram para cá a sua cultura, o seu trabalho, gerando o
nosso desenvolvimento. O que está acontecendo, Srs. Vereadores, é o desmonte do
cérebro pensante do Estado do Rio Grande do Sul, de fundações que são o cérebro
pensante. Como Secretária do Meio Ambiente, eu pude conviver mais perto com a
Fundação Zoobotânica, por exemplo; como profissional da área de saúde, fiz
estágio na FEPPS. Nós éramos estudantes, e o diretório acadêmico da faculdade
de farmácia lutou para a consecução da FEPPS e o seu primeiro Presidente foi o
professor Leonildo Winter, farmacêutico, nosso professor de anatomia. Então, é
o cérebro do Estado pensante, é a área estratégica do Estado que tem que ser
regulador. O Estado que o Governador Sartori quer é o estado neoliberal no
ápice do mínimo do mínimo, com entrega, privatização de estatais como essas que
citei e vou aprofundar em cada uma no tempo que tenho. É um crime que vai se
cometer com o povo, com os trabalhadores dessas estatais que são profissionais
qualificados para gerar ciência e tecnologia. Isso vai fazer com que as
políticas públicas diminuam, e as que restarem vão diminuir em qualidade. A
Fundação Zoobotânica, Srs. Vereadores, detém o conhecimento da biodiversidade
deste Estado e do Brasil, inclusive está fazendo hoje algo fundamental para o
Estado do Rio Grande do Sul, entre tantas políticas, por meio de um acordo feito
entre o Secretário de Estado e o Governo Federal, acerca de pesquisa das
plantas medicinais do Bioma Pampa, Ver. Dr. Goulart, que é uma riqueza em
diversidade! A diversidade humana, a diversidade animal, a diversidade das
nossas plantas... A Fundação Zoobotânica detém a coleção científica de plantas
e animais atuais, não só do Estado do Rio Grande do Sul, é uma fundação que
tem, dentro dela, profissionais altamente capacitados que detém o conhecimento
do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Outra é a Fundação para o
Desenvolvimento de Recursos Humanos, e aqui está claro que o Governador vai
privatizar, não precisa formar e capacitar recursos humanos para atuar nas
políticas públicas. Se vai privatizar, termina com a Fundação para o
Desenvolvimento de Recursos Humanos. Não precisa formação e capacitação dos
profissionais do Estado, dos trabalhadores, dos servidores de carreira? Essa é
a concepção que nós estamos vendo no pacote do Governador Sartori. A Fundação
de Ciência e Tecnologia, senhores! A Fundação de Ciência e Tecnologia do
Estado, a Cientec, é uma fundação que também desenvolve ciência e tecnologia.
Aqui está também o desenvolvimento de pesquisas pioneiras na América Latina,
como a elevação da qualidade do arroz parboilizado. Com duas incubadoras, já
abrigou 51 empresas de áreas como biotecnologia e nanotecnologia. É o que tem
de mais avançado na ciência!
A Fepagro, os seus laboratórios desenvolvem mais
de cem estudos em quatro áreas: produção animal, produção vegetal, recursos
naturais renováveis e sanidade animal. Eu quero dizer que sanidade animal, por
exemplo, é a sanidade da saúde dos humanos, Ver. Dr. Goulart, o senhor sabe
melhor do que eu, como médico. Nós dois, como profissionais de saúde, podemos
discorrer sobre isso. Aqui está implícito o significado, inclusive, da
vigilância sanitária. Como é que a Fundação de Pesquisa Agropecuária, num
Estado que tem características agropecuárias, que desenvolve pesquisas, são
mais de 120 pesquisadores investigando temas como melhoramento genético, manejo,
microbiologia, agrometeorologia, entre outras áreas do conhecimento... Isso
aqui é o cúmulo! Por fim, a nossa FEPPS, a Fundação Estadual de Produção e
Pesquisa em Saúde, que, durante o Governo Collares, eu quero fazer essa
referência... O Governador Collares enviou para a Assembleia Legislativa – eu
era Deputada – a reformulação da FEPPS, feita pelos seus trabalhadores, que
colocou a FEPPS num patamar altamente diferenciado, referência para as
fundações estaduais do Brasil inteiro, por onde passa a pesquisa de plantas
medicinais, de medicamentos e de produção de medicamentos.
Por fim, a de Planejamento Metropolitano, a
Metroplan. Olha, ficarmos sem a Metroplan, do ponto de vista do planejamento,
não só no território de Porto Alegre, mas na Região Metropolitana, dentro das
perspectivas de reforma urbana...
É o fim do Estado, é o fim dos direitos dos
trabalhadores, vai ser um caos, senhores, se esse projeto for aprovado.
Naturalmente, a população dos trabalhadores estará nas ruas, e nós estaremos
juntos, estaremos em todos os outros processos para evitar a implantação de um
pacote como esse, que eu estou a chamar de pacote da morte do Estado do Rio
Grande do Sul. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
(O Ver. Paulo Brum reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. DELEGADO
CLEITON:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas funcionários desta Casa, e público que
aqui nos assiste e pela TVCâmara. Hoje eu gostaria de comentar sobre o bairro
Serraria, desta Cidade, porque, ao ler o jornal hoje, deparei-me com a notícia
de que uma família teve que ser escoltada para poder sair da sua casa, da sua
moradia, do seu bairro, largando toda a sua história naquela comunidade – sua
escola, seu centro de saúde, seu armazém da esquina, seus amigos, seu time de
futebol –, porque o tráfico exigiu. Tenho visto seguidamente o nome do bairro
Serraria nos jornais, comentando sobre a disputa do tráfico lá, da tomada do tráfico
daquele local. E não é só no bairro Serraria; há o Beco do Adelar, a Bom Jesus,
a Cruzeiro, a Mario Quintana. É que a Serraria, até bem pouco tempo, era um
bairro pacífico, onde se podia ir para pescar na Pedra da Vovó – um lugar
bonito, lindo; onde se podia jogar futebol com o time da Serraria, contra o
time da tia Negrinha, e que podia subir nas suas ruelas para jogar bolita, quem
sabe, para soltar pipa nos espaços... E hoje há dificuldade de se percorrer
pelas belezas daquele lugar ali na Zona Sul de Porto Alegre. Ontem eu
presenciei uma barreira composta pela Brigada Militar e pelo Exército, tem dois
quartéis nas proximidades.
Então eu vim aqui, senhoras e senhores, fazer um
apelo às autoridades, porque, mesmo com as dificuldades de um pacotaço, mesmo
com as dificuldades que estão enfrentando, eles estão à frente da Assembleia
Legislativa, mesmo prestes a perderem direitos, continuam trabalhando, basta
ver a operação que foi feita ontem em São Leopoldo, se não me engano, em
Montenegro, numa dessas cidades naquela região, uma grandíssima operação do
Denarc e do resto das instituições da minha querida Polícia Civil. Não
deixem... que tenham um olho clínico, sensibilidade... E rogo aqui, senhores,
que subam e defendam aqueles trabalhadores, defendam aqueles líderes
comunitários, aquele povo cansado e trabalhador que mora naquela região; que
subam e que limpem o bairro Serraria, que limpem o Beco do Adelar, que limpem
as demais trincheiras do tráfico em Porto Alegre. Não podemos deixar que
aconteça o que está acontecendo aqui em Porto Alegre, senhores, marginais
tomando espaços, tomando casas, muitas vezes casas dadas pelo Governo – dadas
não, conquistadas –, como na Restinga, em que tomam apartamentos, como estão
querendo tomar casas para fazer o QG do tráfico nesses espaços. Subam! Subam o
morro! Subam e entrem na periferia, metam o pé na porta dessa gente! Quem não
tem respeito com a vida, quem não tem respeito pelo ser humano, não pode
receber respeito da polícia. Metam o pé na porta! Que tenham que quarar, como
dizia meu pai, que tenham que ficar no sol e no frio, na frente do Palácio,
dentro de ônibus, algemado! Mas que tragam para baixo essa gente desrespeitosa,
que não dá valor à vida, inclusive que busca crianças e adolescentes para fazer
o trabalho sujo que muitas vezes não tem coragem de fazer, porque conheço e
prendi muitos que, quando chegam na frente da polícia, viram cachorrinho. Então
que subam e desçam com essa gente, algemada, para que a comunidade veja que
está sendo protegida. Polícia civil e Brigada Militar para servir e proteger!
Muito obrigado, senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Visivelmente não há quórum. Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 16h38min.)
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